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Dossier con Walter Martínez


Thierry Meyssan: O ciclo da mentira

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Quando querem condenar um suspeito, os Ocidentais acusam-no de todo o tipo de crimes até que estejam em condições de pronunciar a sentença. Pouco importam a Verdade e a Justiça, apenas o seu poderio conta. Voltando à acusação de utilização de armas químicas na Síria, Thierry Meyssan lembra que, se a acusação data de há alguns anos, o princípio de designar a Síria como culpada, esse, está estabelecido desde há mais de dois mil anos.

 | DAMASCO (SÍRIA)  
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Os Ocidentais garantem que uma «guerra civil» começou na Síria em 2011. Ora, o Congresso dos EUA adoptou, depois o Presidente George W. Bush assinou, uma declaração de guerra à Síria e ao Líbano, em 2003 (o Syria Accountability and Lebanese Sovereignty Restoration Act [1] quer dizer a Lei sobre a Responsabilidade da Síria e de Restauração da Soberania Libanesa).
Após a vã tentativa do Secretário de Estado Colin Powell, em 2004, de transformar a Liga Árabe num tribunal regional (Cimeira de Túnis), a agressão Ocidental começou com o assassínio do antigo Primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, em 2005.
O Embaixador dos EUA em Beirute, Jeffrey Feltman —que havia provavelmente organizado ele próprio este crime— acusou imediatamente os Presidentes Bashar al-Assad e Emile Lahoud. Uma missão de inquérito foi despachada pela ONU, depois um pseudo-Tribunal Internacional foi constituído pelos Executivos da ONU e do Líbano, sem ratificação nem da Assembleia Geral das Nações Unidas, nem do Parlamento Libanês. Desde a sua criação, ele dispôs de testemunhas e de provas convincentes. Os dois Presidentes foram ostracizados esperando pela sua iminente condenação, Generais foram presos pela ONU e encarcerados, durante anos, sem sequer serem acusados. No entanto, as falsas testemunhas foram desmascaradas, as provas perderam a sua relevância e a acusação esboroou—se. Os Generais foram libertados com um pedido de desculpas. Bashar al-Assad e Emile Lahoud tornaram-se personalidades aceitáveis.
Passados 13 anos, Jeffrey Feltman é o número 2 das Nações Unidas e o caso do dia é o pretenso ataque químico em Ghuta. Também agora, há depoimentos (dos “Capacetes Brancos”) e alegadas provas convincentes (fotos e vídeos). O presumível culpado é, como de costume, o Presidente al-Assad. A acusação foi cuidadosamente antecipada por vários rumores desde 2013. Sem esperar pela verificação dos factos pela OPAQ, os Ocidentais erigiram-se em juízes e carrascos, condenaram a Síria e bombardearam-na.
Só que, desta vez, a Rússia voltou a ser uma superpotência tal como os Estados Unidos. Portanto, foi ela quem exigiu o respeito pelos procedimentos internacionais e o envio de uma missão da OPAQ a Damasco. Foi ela, ainda, quem trouxe à Haia 17 testemunhas oculares do pseudo-ataque químico para atestar a manipulação feita pelos “Capacetes Brancos”.
Ora, como reagiram os 17 países da aliança ocidental presentes ? Eles recusaram ouvir as testemunhas e confrontá-las com os “Capacetes Brancos”. Emitiram um breve comunicado denunciando o “show” russo [2]. Esquecendo que já tinham condenado e punido a Síria, sublinharam que esta audiência se sobrepunha à responsabilidade do inquérito em curso pela OPAQ. Eles lembraram que o Director da Organização Mundial da Saúde já tinha confirmado o ataque químico e que, portanto, era indecente colocá-lo em questão. E, claro, pediram à Rússia para respeitar o Direito Internacional que não param de violar.
Acontece que a declaração da OMS viola as suas prerrogativas; que ela não se exprimiu pela afirmativa, mas no condicional; e que não se baseu nos relatórios dos seus funcionários, antes no testemunho único de ONGs parceiras relatando as acusações ... dos "Capacetes Brancos" [3].
Faz dois mil anos que o Ocidente grita «Carthago est delenda !» (É preciso destruir Cartago !) [4] sem que ninguém saiba o que se reprovava a esta feitoria síria na Tunísia. No Ocidente, este sinistro slogan (eslogan-br) tornou-se um reflexo.
Por todo o lado, a sabedoria popular assegura que «A razão do mais forte é sempre a melhor». É a moral da fábula dos Panchatantra indianos, do Grego Esopo, do Francês Jean de La Fontaine e do Russo Ivan Krylov, mas ela provêm talvez do antigo sábio Sírio Ahiqar.
Ora, depois da mascarada do bombardeamento fracassado de 14 de Abril, os Ocidentais são «os mais fortes» apenas em matéria de mentira.
Tradução
Alva



[1The Syria Accountability and Lebanese Sovereignty Restauration Act, H.R. 1828, S. 982, Voltaire Network, 12 December 2003.
[4Carthago est delenda ! Era un slogan popularizado por Catão o Velho. O senador proclamava-o no final de cada um dos seus discursos (no Senado romano-ndT). O único crime de Cartago parece o de ter sido mais próspera que Roma (NdT – Quem segue Th. Meyssan recordará, aqui, texto anterior em que ele afirmava o conceito histórico de unidade sírio-libanesa, logo considerando as feitorias fenícias, no mundo antigo, como tendo, na realidade, uma origem síria).

Thierry Meyssan
Thierry MeyssanIntelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: Sous nos yeux. Du 11-Septembre à Donald Trump. Outra obras : L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación(Monte Ávila Editores, 2008).


Sergio Saraiva: 1º de maio não é mais dia santo

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Hoje, abro os jornais e as manchetes nada falam de nós. Deixamos de ser sagrados.

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Houve tempo em que, como em uma oração em um templo sem religião, a evocação do nosso nome gerava no peito o sentimento de pertencimento, o calor reconfortante da solidariedade e dos grandes sonhos coletivos construídos de pequenos sonhos cotidianos.
Hoje, o termo que nos designa tem a irrelevância que é dada a palavra povo, que é dada a palavra gentes. Não por acaso, já fomos sinônimo de povo, de gente e de gente do povo.
Hoje, abro os jornais e as manchetes nada falam de nós. Tornamo-nos invisíveis.

Não andamos mais pelas ruas em uniformes que nos tornavam um poderoso exército sem armas e sem patentes.
Houve tempo em que o poderoso patrão dos papéis e das palavras, o proprietário de tudo que se move pelo etéreo temia que fizéssemos a revolução. Então, premiava os que dentre nós julgava ser padrões. Cínico e velhaco adulava-nos. Queria-nos subalternos e servis.
Não nos temem mais, tomam-nos por impotentes e emasculados, o patrão passou a premiar a virilidade dos juízes.
Hoje, abro os jornais e as manchetes nada falam de nós. Nossos crimes não são mais motivos para reforçarem os gradis dos palacetes.
A cadeia nunca nos foi estranha. E, mesmo hoje, alguns dos que nos representam estão confinados às masmorras. A elas, como tradição, são mandados sem julgamento ou julgados por leis que a outros não se aplicam.
Mas antes, mandavam para a cadeia os de nós que nos prometiam a perda dos nossos grilhões. Hoje, prendem os nossos que venceram jogando com as regras e as cartas marcadas do patrão. Acusam-nos de roubar no jogo.
Hoje, abro os jornais e as manchetes nada falam de nós. Os corpos dos nossos soldados tombados e as nossas batalhas não são notícia.
Não somos mais revolucionários. Mas já fizemos a revolução.
Já movimentamos e paramos fábrica, bancos e repartições.
Já enchemos com nossos lemas as ruas, as praças e as vilas euclidianas.
E nesse movimento, construímos casas e democracias. E sonhamos, em algum momento, estarmos construindo um país, se não de iguais, de cidadãos iguais em direitos.
Hoje, abro os jornais e as manchetes nada falam de nós. Nossas vidas não merecem mais qualquer traço de preocupação.
Somos como construções inconclusas, obras abandonadas.
Se gritamos, quando não negam a existência do nosso grito, nos surram por gritarmos nas mesmas praças e casas que deveriam ser nossas.
Há tempos chamam nossos velhos de vagabundos por lhes faltarem as forças antes do momento da morte. Tornamo-nos animais de descarte.
Tomam-nos o que guardamos para nossas viúvas, o que guardamos para nossas doenças, para a nossa velhice e para os dias em que não houver o que fazer. Dizem que o que julgávamos nosso por direito, não nos pertencem mais. Tornamo-nos terceiros em relação a esses direitos.
Hoje, abro os jornais e as manchetes nada falam de nós. Nossos movimentos estão controlados.
Já fomos as engrenagens dos tempos modernos. Mas hoje, em tempos pós-modernos, não somos mais que do que um dado que não altera o resultado. O que pensamos não é levado em consideração no momento de tomarem as decisões.
Hoje é 1º de Maio, abro os jornais e as manchetes nada falam de nós – os trabalhadores.

¿Cómo se fabrica un presidente corrupto en América Latina? EE.UU. podría tener la respuesta

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¿Cómo se fabrica un presidente corrupto en América Latina? EE.UU. podría tener la respuesta
Dilma Rousseff, Cristina Kirchner y Lula da Silva en la inauguración de la embajada argentina en Brasilia, en julio de 2011. / Ueslei Marcelino / Reuters
Un hilo, que forma parte de una intrincada red, pareciera unir a un grupo de expresidentes de América Latina: las acusaciones de corrupción en su contra.
El título de la VIII Cumbre de las Américas, realizada en Lima, el 13 y 14 de abril, fue 'Gobernabilidad democrática frente a la corrupción'. En ese encuentro, 33 gobiernos de la región firmaron un compromiso donde plasmaron la necesidad de aplicar "medidas específicas" para combatirla con "autonomía e independencia judicial". 
Este encuentro de países de la región ocurrió apenas unos días después de que el arresto del expresidente brasileño Luiz Inácio Lula Da Silva fuera ordenado por el juez Sergio Moro, cabeza de la investigación judicial conocida como Operación Lava Jato, quien según un documento filtrado por Wikileaks en 2009, recibió entrenamiento en EE.UU.

Banco Itaú empresta menos, mas lucra R$ 6,4 bilhões no 1º trimestre

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Jornal do Brasil - GILBERTO MENEZES CÔRTES - 02/05/2018

Retorno do maior banco privado do país é de 22,2% sobre o patrimônio líquido


O Itaú Unibanco, maior banco privado do país, divulgou ontem lucro líquido recorrente de R$ 6,419 bilhões no primeiro trimestre, com aumento de 3,93% frente aos  R$ 6,176 bilhões do mesmo período de 2017 e superando a inflação do período que foi de 2,68%. O retorno de 22,2% sobre o patrimônio liquido já incorpora o Citibank. Em relação ao último trimestre de 2017 o avanço foi de 2,21%. Repetindo o Bradesco, que lucrou R$ 5,1 bilhões e o Santander (R$ 2,8 bilhões), as aplicações do Itaú encolheram 0,6% em 12 meses. 
A queda nas operações às grandes empresas foi de 8,3%. O Itaú aproveitou para limpar  a inadimplência do banco de varejo no Brasil  e reduziu em  23,8% as provisões para devedores duvidosos, que caíram de R$ 5,392 bilhões, em março de 2017, a R$ 4,111 bilhões em março deste ano. Só no primeiro trimestre, a queda foi de 8,3%. 

Fonte: Banco Itaú
Aproveitou a redução de 2,4% no custo da captação centrando operações mais rentáveis em pessoas físicas (+6% de crédito), enquanto as pequenas, micros e pequenas empresas tiveram oferta 5,2% maior. Nas pessoas físicas, que concentraram 42% dos créditos (39,8% em março de 2017), as maiores expansões foram em cartão de crédito (15,6%), crédito pessoal (4,2%) e o crédito imobiliário (4,3%). 
As duas primeiras operações têm os juros mais altos (ao lado do cheque especial) e estão interligadas desde abril de 2017, quando o Banco Central determinou que pelo menos 15% do saldo do cartão teria de ser pago à vista e os 85% renegociados no crédito pessoal. As operações com veículos encolheram 3,1% e o crédito consignado teve redução de 0,4%. 
O avanço sobre os clientes pessoas físicas vem acompanhado do aumento da renda das tarifas de serviços (8,7%, contra inflação de 2,68%), enquanto as rendas de operações financeiras aumentaram 8,9% no mesmo período. As maiores fontes de tarifas do Itaú são os cartões de crédito (segmento em que é lider no país), contas correntes e taxas de administração de fundos de renda fixa e multimercados e na gestão de ativos de grandes empresas e fundos de pensão. A fusão com a XP Investimentos (o Itaú tem 49%), mesmo obrigando o Itaú (por determinação do Cade), a manter a isenção de tarifa nas operações de clientes, acaba sendo um ganho. O tarifa zero atrai clientes dos demais bancos, ampliando o funding do Itaú.
Nas demonstrações financeiras via internet, percebe-se que a taxa de inadimplência no Brasil (atrasos acima de 90 dias) é mais do que o dobro das operações na América Latina. A inadimplência total no Brasil era de 4,2% em março de 2017, contra 1,3% na AL. Em março a inadimplência caiu para 3,7% no Brasil, mas subiu a 1,6% na AL. No Brasil, a inadimplência da pessoa física foi a 4,6% em março, contra 4,9% em dezembro. Na micro, pequena e média empresa, o indicador foi a 4,3%, contra 4,5%. Nas grandes empresas, o índice de calote piorou de 1,0% ao final de dezembro para 1,8% ao término de março. O Itaú destaca que o melhor desempenho desses dois públicos foi compensado pelo aumento em grandes empresas, devido à exposição a um cliente específico, que no trimestre anterior estava em atraso entre 15 e 90 dias e que já estava adequadamente provisionado.

Trompetista toca "Olê, olê, olá, Lula" na frente do prédio do MPF em Curitba

Notas de real ganham carimbo com rosto de Lula

Paulo Pimenta e Wadhi Damous falando de tudo e mais um pouco


Requião diz que Justiça em primeira instância protege tucanos, inclusive Beto Richa

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VIOMUNDO - 02 de maio de 2018 às 21h01

Desde meu Paraná, 1ª instância protege os tucanos sem “foro privilegiado” e as fake news do poder
por Roberto Requião*
Mais uma vez sigo a recomendação de Marshall McLuhan e canto a minha aldeia, para ser universal. Canto as coisas de minha terra, o Paraná, para alcançar o Brasil.
A novidade por lá é que, depois de sete anos e três meses de mandato, Beto Richa renunciou ao governo para ser candidato a alguma coisa e, assim, reconquistar imunidades.
Como Beto está enrolado na Lava Jato e em mais quatro outras grandes investigações policiais, o foro privilegiado cairia bem para a nossa ex-excelência.
As operações que atingem o candidato a qualquer coisa têm nome de batismo, padrinhos, afilhados, compadres e adjacências registrados nos cartórios policiais, nas atas das devassas, nos livros dos malfeitos.
Vamos à lista.

“Operação Voldemort”, assim denominada para “homenagear” o personagem sinistro da série Harry Potter.
Essa operação investigou um primo do governador e associados, que montaram um esquema fraudulento de reparos de carros oficiais.
A primeira reação de sua ex-excelência, assim que o caso explodiu, foi negar o parentesco com o indigitado primo.
Como isso era impossível, disse que se tratava de um primo distante, que mal conhecia, fato também desmentido por fotos, vídeos e uma profusão de rastros.
Até cair em desgraça, o primo distante do governador era uma das figuras mais influentes da gestão tucana, mesmo sem ter cargo público.
Um homem nas sombras, atrás dos bastidores, influindo e decidindo.
A “Operação Publicano”, que ganhou esse nome por referência ao coletor de impostos que aparece nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, desmantelou um esquema de desvio de um bilhão e oitocentos milhões na Receita Estadual, envolvendo mais de uma centena de auditores, contadores e fiscais.
O comandante do esquema era o ex-inspetor geral de Fiscalização, íntimo de Beto Richa ao ponto de ser o seu copiloto nas “500 Milhas de Londrina”, competição que sempre contou com prestigiosa participação do ex-governador.
Beto, é claro, disse que pouco conhecia o seu copiloto. É, pode ser, afinal o rapaz usava capacete, nas corridas.
Parte dos desvios bilionários, apurou-se, abasteceu as contas da campanha de reeleição do ex-governador.
O copiloto já foi condenado a 97 anos de prisão. O piloto “não sabia” o que o copiloto fazia no carro, e nem no governo…
“Operação Quadro Negro”, que apura o desvio de dezenas de milhões de reais da construção de escolas no Paraná.
Conforme denúncias, o dinheiro subtraído também abasteceu a campanha de reeleição de Beto Richa.
Aqui, novamente o envolvimento de pessoas de relações pessoais, íntimas do governador.
Já a “Operação Integração”, investiga um mega esquema de corrupção, propina, extorsão e enriquecimento ilícito envolvendo concessionárias de pedágio, empreiteiras e funcionários públicos.
Mais uma vez, pessoas do círculo próximo e familiar do ex-governador foram presas, denunciadas ou ficaram sob suspeição.
A “Operação Publicano” começou em janeiro de 2015, com a prisão de um assessor de Beto Richa, o fotógrafo Marcelo Caramori.
O rapaz era tão entusiasta do ex-governador que tatuou o nome da excelência em seu corpo e exibia orgulhoso a marca do dono.
Mas o dono não sabia de nada e nem sentiu a bajulação nas gônadas. Foi uma bajulação silenciosa.
Camarori foi preso por corrupção e exploração de menores.
Na cadeia, abriu o bico e entregou o esquema da Receita e os feitos do primo distante de Richa.
Não se sabe se Camarori apagou ou não a tatuagem. Aquele que tatou o Temer no tórax diz que apagou.
Que tempos esses, até aquilo que deveria ser demonstração de bajulação para toda vida é fugaz.
Outra marca da gestão de Beto Richa é a “Batalha do Centro Cívico”, ocorrida no dia 29 de abril de 2015 e que resultou no massacre de professores e funcionários públicos que, entre outras coisas, protestavam contra a reforma da previdência pública estadual.
Fatos marcantes da “Batalha do Centro Cívico”, além da brutal repressão ao ato dos manifestantes, são a formação da “Bancada do Camburão” e a fuga grotesca, ridícula do então secretário de Segurança, quando confrontado por um único professor.
Essa cena ao mesmo tempo hilária e patética do professor que tirou o valente ex-secretário para dançar está na internet, no youtube.
A bancada de apoio a Beto Richa ganhou o apelido de “Bancada do Camburão” porque chegou de camburão da Polícia à Assembleia Legislativa, para votar a reforma.
Foi a forma que o governador encontrou para proteger seus deputados: abriga-los em carro blindado, usado para transporte de presos perigosos.
A reforma, é claro, foi aprovada. E dois anos depois, na exata semana em que Beto Richa deixava o governo, veio a revelação: o patrimônio da Paranaprevidência sofreu, até agora, um rombo de quatro bilhões e seiscentos milhões de reais.
Com a reforma, o caixa do instituto vem sendo saqueado mês a mês, ininterruptamente.
Inepto e perdulário, o governo de Richa descapitalizou o fundo de pensões dos servidores públicos do Paraná para cobrir toda sorte de rombos, de buracos que a gestão incompetente provocou nas finanças estaduais.
Caso fossem somados os “resultados” dos desvios da “Voldemort”, da “Publicano”, da “Quadro Negro” e da “Integração” teríamos uma soma igual ou superior àquela que ele arrebatou da Paranaprevidência.
Mais ainda: na busca ensandecida por dinheiro, o ex-governador voltou a cobrar impostos dos microempresários e aumentou a alíquota dos pequenos empresários.
Os micros não pagavam nada quando eu fui governador e a alíquota dos pequenos não chegava a dois por cento.
Com uma rejeição semelhante à de Temer, a excelência estadual também recorreu à propaganda, à mistificação, à manipulação da opinião pública para sair do atoleiro.
Boa parte da dinheirama desviada da previdência foi destinada a simular obras, a distribuir migalhas a prefeitos e assim sustentar a candidatura de sua ex-excelência a um cargo qualquer que lhe garanta foro privilegiado.
Ah, sim! Como outras vestais da política brasileira, Beto também vestiu a camisa da CBF e foi às ruas protestar contra a corrupção.
Com o mesmo arroubo, com a mesma fúria moralista e com as mesmas palavras incandescentes de um Geddel.
Ele também apoiou o “Bonde do PSDB” que, no dia 13 de março de 2016, foi à Paulista pedir o impeachment de Dilma mas acabou sendo hostilizado pelos manifestantes.
Fraudes nos reparos de veículos oficiais; escolas pagas e não construídas; desvios na Receita; propina nos contratos de pedágio; desfalque na previdência do funcionalismo; aumento dos impostos dos pequenos empresários e isenção absoluta de impostos para o maior fabricante de cerveja do mundo; venda das ações das estatais de energia e de água e esgotos; aumento de 135 por cento na tarifa de água, para dar mais lucro ao sócio privado da empresa de saneamento;  trapaças  na propaganda oficial, com o ex-governador assumindo obras que não fez.
E assim por diante.
Triste Paraná, quantos negócios, quantos negociantes, diria o poeta baiano.
Do prisma do qual contemplo os descaminhos da administração pública em meu estado, vejo reflexos da vida nacional.
Vejo que a farsa da retomada do crescimento econômico desfaz-se melancolicamente, sombriamente.  E, para animar a torcida e dar manchetes aos jornalões, eis que vem a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, saudar a “recuperação do Brasil graças às reformas estruturais feitas pelo Governo Temer”.
Sobre isso, antes que volte à rota a que me propus seguir, permito-me três comentários:
1. O FMI, com o qual o Lula saldou a dívida e mandou passear, ressurgiu na pauta da tal “grande imprensa” brasileira. Folha e Globo, por exemplo, voltaram a despachar enviados especiais para cobrir as reuniões do Fundo em Washington.
2.  Lagarde trapaceou descaradamente sobre as tais “reformas estruturais” de Temer, já que a trabalhista é um fracasso retumbante, a previdenciária gorou e a PEC dos Gastos é desrespeitada toda hora pelo próprio governo.
Em março, por exemplo, as contas do governo registraram um rombo de 25 bilhões de reais, o maior rombo para os meses de março na história. E não foi é claro para dar dinheiro à educação, à saúde e à segurança.
1.  Com o estouro da bolha financeira em 2008, o FMI, o Banco Mundial, o FED, o Banco Central Europeu, as agências de risco, os economistas de mercado, os 391 comentaristas econômicos das Organizações Globo desmoralizaram-se, porque, na véspera do cataclismo, saudavam a higidez da economia mundial.
E agora retomam o mesmo discurso e reentronizam em seus altares de devoção o FMI, às agências de risco…
No final do ano passado, esta tribuna era ocupada diariamente pelos arautos do bom tempo.
Comemoravam o fim da crise econômica, o crescimento do PIB, a criação de empregos, a religação das máquinas das indústrias.
Embora essa chuva de maná não fosse percebida pelos brasileiros, especialmente as massas desempregadas, havia festa no plenário.
Mas qual a realidade mal disfarçada pela propaganda, pelo voluntarismo da bancada governista, pela mídia aliada e manipuladora?
Vejam: no primeiro trimestre do ano passado, o crescimento foi de 1,3 por cento; no segundo trimestre, cai para 0,6 por cento; no terceiro, nova queda, 0,2 por cento; no quarto e último trimestre, outro tombo, 0,1 por cento.
Onde, então, a retomada?
Em janeiro deste ano, um novo choque de realidade: queda de 0,65 no PIB, e um desenxabido crescimento de 0,09 por cento, em fevereiro.
Ah, mas a inflação continua caindo, proclama a mídia amiga, e orgulha-se a rapaziada do Banco Central.
Deus meu! Atividade econômica em baixa, consumo em baixa, crédito em baixa, desemprego em alta.
Com essas inferências em conta, como não ter uma inflação hibernal, abaixo de zero? Comemorar deflação é a idiotia em seu estado puro.
A nudez do fracasso da política de austeridade escancara-se despudoradamente, mas há ainda quem insista em não ver do que é feita a velha roupa do rei.
E nada faz tão mal ao Brasil que as notícias falsas, que os números fantasiosos sobre a “volta do crescimento no Brasil”.
Tomar alguns espasmos, aqueles movimentos irrefletidos, involuntários de um corpo em agonia como manifestação de vida é coisa ou de nefelibatas ou de pessoas mal-intencionadas. Escolham.
Há uma simetria, um sincronismo perfeito entre esse discurso da “volta do crescimento” e o discurso moralista do combate à corrupção e do punitivismo.
Ambos têm a mesma base falaciosa e a mesma determinação de desviar do que interessa.
Se a fantasia da “volta do crescimento econômico” pretende empanar o fracasso da política de austeridade fiscal, a cruzada moralista serve de biombo para se pratique toda espécie de crimes, de assaltos e pilhagens contra o país.
Os nossos Torquemadas, os Savonarolas de primeira instância, os bem nutridos e corados ascetas jejuadores, os juízes e procuradores habitués de Harvard (oh que glória!) pouco se dão se o país desfaz-se do petróleo, das hidrelétricas, dos rios, das terras, do espaço aéreo, do mar territorial, da tecnologia e da inovação.
Pouco se dão se a fome volta à mesa de milhões de brasileiros, se a reforma trabalhista é um desastre que impulsiona o desemprego, o subemprego, a escravização.
Pouco se dão se combustível de cerca de dez milhões de brasileiros volta a ser a lenha.
Que se lhes dá se o país se desarticula e desmancha-se, desde que Lula esteja preso, desde que, com a colaboração da mídia canalha, a farsa do tríplex tenha colocado?
Que se lhes dá, desde que a CIA, a NSA, o FBI, o Departamento de Estado, a CNN, e os jornalões norte-americanos os aprovam, incensam, puxam-lhes o saco e acariciem-lhes o ego?
Desde que a mais venal, perjura e farsesca mídia comercial sob a face da terra, que é a mídia brasileira, os eleve a heróis?
Diante disso, apesar disso, aos 77 anos, e desde muito cedo na liça, não perco a fé, não me esmorece a esperança.
O que esses néscios, desprovidos de entendimento e de discernimento, incapazes de romper o círculo da ignorância, do provincianismo e da patetice, o que eles não entendem é que muito em breve serão lembrados com a mesma repulsa que causam os inquisidores, os fascistas e os traidores da pátria.
Esses tempos trevosos, lá no meu Paraná e aqui em meu país, serão iluminados pela Justiça, pela brasilidade, pela soberania nacional, pela honradez, pelo amor ao povo e pela ação administrativa competente.
Afinal, o meu estado e esse país não são feitos pela média da opinião dos imbecis que circulam na internet parecem dominar a rede.
*Roberto Requião é senador da República, no segundo mandato. Foi governador do Paraná por 3 mandatos, quando saneou as contas públicas, fez o estado crescer investindo na educação, na agricultura e nos municípios. Foi prefeito de Curitiba, secretário de estado, deputado, professor, oficial do exército brasileiro, agricultor e industrial. É graduado em direito e jornalismo com pós graduação em urbanismo e comunicação
Leia também:

TRF-4 encaminha recurso que pede oitiva de Tacla Durán para o STJ

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DCM - Postado em 2 de maio de 2018

Do G1 RS.
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, aceitou nesta quarta-feira (2) o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para remeter recurso ordinário em habeas corpus ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ). A admissibilidade foi aceita pela desembargadora federal Maria de Fátima Freitas Labarrère, vice-presidente da corte. A defesa pede a inclusão do ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran como testemunha no processo que apura o recebimento de propina da empreiteira.

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o petista recebeu um apartamento em São Bernardo do Campo (SP) e um terreno onde seria erguido o Instituto Lula, como vantagem indevida. Nesta ação, além de Lula, são réus o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht; e o ex-ministro Antônio Palocci.
O pedido de inclusão do depoimento de Tacla Duran já havia sido negado pelos desembargadores do TRF-4 em fevereiro e também em abril.
O juiz Sérgio Moro recusou duas vezes a oitiva de Duran no processo. A defesa de Lula, porém, sustenta que o advogado afirmou na CPMI da JBS que tem informações e provas sobre adulteração de documentos nos sistemas da Odebrecht.
Os advogados dizem que documentos apresentados pela construtora no acordo de colaboração foram adulterados. O objetivo da defesa de Lula era de que Duran prestasse depoimento no âmbito do incidente de falsidade.
(…)

Banco Central derruba fake news: notas com ‘Lula livre’ não perdem a validade

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Circula com força em grupos de Whatsapp uma informação de que o Banco Central teria proibido a rede bancária de receber cédulas com o carimbo 'Lula livre'. Órgão, no entanto, desmentiu, e notas com carimbo devem ser aceitas como qualquer outra

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Revista Fórum - 02/05/2018

Desde que o ex-presidente Lula foi preso, em 8 de abril, apoiadores do petista têm carimbado ou mesmo escrito em cédulas de dinheiro a mensagem “Lula livre”, como uma forma de militância e resistência. Os opositores ao ex-presidente, por sua vez, rapidamente se mobilizaram e começaram a disseminar nas redes sociais e em grupos de Whatsapp a informação de que o Banco Central teria proibido a rede bancária de aceitar as notas carimbadas ou escritas.

“Se receber tais notas, os bancos, deverão chamar a polícia. O portador estará sujeito ao enquadramento no artigo 163 do Código Penal”, diz uma das mensagens que tem circulado com força. O “alerta” faz referência à passagem do Código Penal que prevê pena de seis meses a três anos para aquele que destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
Nesta quarta-feira (2), no entanto, o próprio Banco Central divulgou uma nota em que desmente a informação: rabiscar ou carimbar cédulas, apesar de não recomendado, de acordo com o órgão, não as invalida. Os bancos, portanto, podem e devem receber ou trocar cédulas com o carimbo de ‘Lula livre’ que porventura receberem.
“Cédulas com rabiscos, símbolos ou quaisquer marcas estranhas continuam com valor e podem ser trocadas ou depositadas na rede bancária”, diz a nota do Banco Central, que informa ainda que “as notas descaracterizadas apresentadas na rede bancária serão recolhidas ao Banco Central, para destruição”, mas que isso não as tira o valor.

Bob Fernandes / O que escolher ver e dizer no desabamento, execuções, tiros, atentados...

1º DE MAIO NOS EUA: PRECARIZAÇÃO E MISÉRIA ASSOLAM OS TRABALHADORES

Keiser Report en español: Max y Stacy, a escena

A tríade do mal do STF: os limites da crítica e o Ulisses suicida!

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Resultado de imagem para Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes
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Por Lenio Luiz Streck - no CONJUR - 03/05/2018


Leio que a revista IstoÉ fez uma matéria desancando os ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Motivo: o teor de seus votos em determinados julgamentos como o caso Maluf, habeas corpus de José Dirceu, etc.
A revista chama os três de “tríade do mal”. E não poupa impropérios. Para a revista, os três ministros, entre outras decisões absurdas, teriam dado um “duro golpe” contra a "lava jato". Isto porque, na terça-feira, 24, por 3 votos a 2, a 2ª Turma do STF decidiu tirar das mãos do juiz Sergio Moro trechos das delações premiadas da Odebrecht que tratam de pagamentos ilícitos ao ex-presidente Lula. Diz a revista que “se for mantida a decisão da 2ª turma do STF, o país estará retrocedendo em pelo menos 10 anos no enfrentamento da corrupção”. A revista julgou os três ministros e já os condenou.


Nada de novo. Virou moda. Jornalistas e jornaleiros palpitam sobre a Constituição e sua hermenêutica. Resultado: Formou-se um imaginário pelo qual só é bom juiz aquele que julga de acordo com o que uma pretensa opinião pública estaria apoiando. Como certa mídia representaria essa “opinião das ruas”, o bom ministro ou o bom magistrado é aquele que julga de acordo com essa “opinião”.
Dizendo em bom português: dane-se a segurança jurídica, dane-se a lei e a Constituição. Os fins justificam os meios. Se a Constituição diz x e isso vai contra o que um determinado grupo defende, pronto: a Constituição é logo desancada e se transforma em um mal que atravanca o progresso. Como se uma democracia não tivesse que, exatamente, usar a lei para submeter os desejos dos indivíduos que compõem a nação.
Que os jornalistas da revista IstoÉ nada saibam sobre Direito e digam qualquer coisa, tecendo aleivosias a membros do STF, é até compreensível. Useira e vezeiro. O que é inadequado (para ser bem eufemista) é parte da comunidade jurídica desconhecer o valor de uma Constituição (digo isso porque na matéria há opiniões colhidas de juristas). Qualquer livro de Direito — até mesmo os resumos e resumões — mostra que a Constituição é um remédio contra o que maiorias eventuais querem. Despiciendo mostrar, de novo, a metáfora de Ulisses e as sereias. Ele só se salvou porque seus grumetes o amarraram ao mastro e o acorrentaram. As correntes de Ulisses são salvadoras.
Mas, no Brasil, não há correntes para amarrar Ulisses. Isto porque, aqui, Ulisses é um suicida. Inexoravelmente, nosso Ulisses pindoramense quer se atirar nos braços das sereias. Mesmo sabendo que morrerá. Só que o Ulisses tupiniquim não se dá conta — ou até se dá — de que seu suicídio levará um país inteiro para o fundo mar. Porque as correntes representam a salvação do Direito e pelo Direito. Mesmo que se diga: “mas se cumprirmos a Constituição e o devido processo legal à risca, muitos corruptos escaparão”. Ora, ora, combater crimes é desejo de todos e não monopólio de alguns. Mas o combate tem de ser um bom combate, com respeito às regras do devido processo legal e aos ditames da lei.
Triste ver parte da imprensa se comportando desse modo. Na especificidade da decisão recente sobre a retirada da competência sobre delações do âmbito de Moro, é consabido que o juiz de Curitiba adotou uma tese que pode ser chamada de “pamcompetencismo”. De forma artificial, ele se tornou competente para todo e qualquer assunto desde que ligado a Petrobras. E, agora, o STF ousou discordar dessa tese. Não duvido que, pelo andar da carruagem, em breve, até os assaltos a postos de gasolina com a marca Petrobras deverão ser julgados por Moro. Ou a qualquer posto de gasolina, uma vez que a Petrobras distribui gasolina pelo Brasil afora. É só o que está faltando, se me permitem uma blague.
Democracia impõe limites. Inclusive nas críticas. A imprensa é livre, mas tem de arcar com as consequências. Afirmar que os três ministros (Lewandowski, Toffoli e Gilmar) são a tríade do mal implica responsabilidade. E, atenção: isso serve também para os ministros não nominados pela reportagem. Não se pode, sob pretexto de criticá-los, passar dos limites. E, atenção de novo, não nos iludamos. Porque no futuro isso acontecerá com outros ministros e juízes em geral. Bastará que julguem contra o que certos repórteres pensam! Os hoje elogiados se tornarão malditos e vice-versa! Tão velho quanto à Bíblia!
Post scriptum: Dica de pauta para IstoÉ: “o escândalo pelo escândalo”!
Se os repórteres da IstoÉ estão sem assunto, quem sabe possam ir atrás desta matéria do Estadão? Título: O escândalo pelo escândalo. Pode render muito e servir à cidadania. A certa altura, lê-se:
“O dado mais revelador dessa sanha punitiva que move uma parte da Polícia Federal e do MPF é o número de inquéritos que foram concluídos sem indiciamento: 1.256 dos 1.729. Ou seja, 73% das investigações da PF sobre corrupção entre 2013 e 2017 resultaram em nada. Um inquérito é encerrado sem indiciamento quando a polícia não reúne provas suficientes para indicar a materialidade de um crime, vale dizer, a sua ocorrência, e a autoria”.
A chave para a matéria pode ser “sanha punitivista”!

Início do Maio de 68 na Sorbonne

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A 3 de maio de 1968, o reitor da Sorbonne, em Paris, chama a polícia para interromper uma assembleia estudantil e expulsar os estudantes. As manifestações ampliam-se, centenas de estudantes são presos e surgem as primeiras barricadas. 

Por Carlos Santos - no esquerda.net - 03/05/2018

3 de maio de 1968 - estudantes enfrentam os CRS, a polícia de choque francesa
3 de maio de 1968 - estudantes enfrentam os CRS, a polícia de choque francesa
Há 50 anos, em 3 de maio de 1968, decorria uma reunião de estudantes na Sorbonne, que reivindicavam o acesso aos anfiteatros. A revolta estudantil em França, e um pouco por muitos países da Europa, já se prolongava há quase dois meses.
O reitor da Sorbonne1(Universidade de Paris e uma das mais antigas e prestigiadas da Europa), Jean Roche, decide chamar a polícia, uma medida inédita que viola uma regra muito antiga.

A polícia interrompe a assembleia, expulsa mais de 500 pessoas e fecha as instalações da Sorbonne. Muitos estudantes são identificados e detidos.
Os estudantes da Universidade de Nanterre marcham para a Sorbonne e concentram-se no Quartier Latin2As manifestações prolongam-se ao longo do dia e da noite e ampliam-se sob a palavra de ordem “Libérez nos camarades!” (“Libertem os nossos camaradas!”).
Os confrontos com a polícia multiplicam-se, os estudantes respondem às cargas policiais e ao gás lacrimogéneo da polícia de choque3 com pedras (os famosos pavés – paralelepípedos). À noite, no Boulevard Saint-Michel, é erguida a primeira barricada.
A revolta vai ampliar-se primeiro em múltiplas universidades e, posteriormente, vai chegar às fábricas e aos trabalhadores em geral, um pouco por toda a França. Os protestos vão igualmente radicalizar-se, com greves e múltiplas concentrações e manifestações.
A 13 de maio de 1968, o movimento de protesto chegará à greve geral, que até hoje “foi a maior greve geral da história social francesa”4. O Maio de 68 em França transforma-se assim numa crise social generalizada e numa revolta contra o regime gaullista francês.
O Maio de 68 em França é um ponto alto do ano de 1968, mas não é o único. O ano de 1968 é todo ele, um ponto de inflexão e uma revolta global, um pouco por todo o mundo.
Artigo de Carlos Santos para esquerda.net

Notas:
1 Uma das universidades de Paris, situada no Quartier Latin, e das mais antigas e prestigiadas universidades europeias. Ver https://fr.wikipedia.org/wiki/Sorbonne(link is external)
2 Bairro Latino, tradicional e típico bairro de Paris, situado na margem esquerda do Sena e onde se situa a Sorbonne. Ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Quartier_Latin(link is external)
4 Ver artigo do esquerda.net “Não vamos enterrar o Maio de 68”
Termos relacionados 1968 – 50 anos depoisCultura

'Só há um juiz no Brasil?', questiona defesa de Lula no Supremo

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GUERRA AO INIMIGO
STF deve julgar nos próximos dias novo recurso de Lula contra prisão decretada por Moro. Enquanto isso, advogados entram com reclamação por recusa do juiz de Curitiba em cumprir decisão do mesmo STF

por Eduardo Maretti, da RBA publicado 03/05/2018

MARCELO CAMARGO/ABR/FOTOS PÚBLICAS
Moro Lula
Juristas e entidades apontam irregularidades cometidas por Sergio Moro no processo que levou Lula à prisão
 "Só há um juízo no Brasil? Estão todos os outros juízos demitidos de sua competência? Vamos nos sobrepor às normas técnicas, processuais?" O questionamento é da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Reclamação (n° 30372) ao Supremo Tribunal Federal (STF), em que questiona o fato de o juiz Sérgio Moro ter até o momento se negado a remeter à Justiça Federal de São Paulo os autos referentes às delações dos executivos da Odebrecht sobre o sítio em Atibaia (SP), como determinou decisão da Segunda Turma do STF na semana passada. Para os ministros, como o caso não tem ligação com a Petrobras, não deveria ser julgado por Moro.
Segundo a defesa de Lula, o juiz está, mais uma vez, afrontando decisão do Supremo, "visto que não lhe cabe discutir o alcance ou tergiversar sobre o momento que lhe pareça mais conveniente para cumprir o mandamento em questão, mas tão somente obedecer à decisão desse Tribunal Supremo". Os advogados pedem uma liminar para suspender a tramitação da ação penal até o julgamento da reclamação. O relator da Reclamação 30372 é o ministro Dias Toffoli.
O STF também deve julgar entre os dias 4 e 10 novo recurso de Lula contra sua prisão, decretada por Moro no dia 5 de abril. O julgamento será feito por meio do plenário virtual da Segunda Turma da Corte, formada por Edson Fachin (presidente), Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Relator da Lava Jato no STF, Fachin decidiu enviar na semana passada os autos para o julgamento virtual.
No recurso, a defesa argumenta que Moro não poderia ter executado a pena, já que ainda não haviam sido esgotados os recursos (embargos de declaração) no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). No despacho em que decreta a prisão, o juiz de Curitiba diz que "hipotéticos embargos de declaração constituem apenas uma patologia protelatória".
Na opinião do jurista Dalmo Dallari, o argumento da defesa tem consistência jurídica. Mesmo com todas as decisões recentes contra o ex-presidente, ele acredita que se pode esperar uma decisão favorável. "É um julgamento importante, mas não se pode prever o que pode resultar dele", diz. 
Porém, para uma corrente de advogados, mesmo que a decisão da Segunda Turma seja favorável aos argumentos da defesa de Lula, juridicamente ela pode ser inócua. Isso porque a prisão após o julgamento do TRF-4, no caso do ex-presidente, é fato consumado.
Para o advogado criminalista Leonardo Yarochewsky, não há indicação de que Lula seja solto se o recurso for vitorioso. "Entendo que a soltura dele não vai acontecer. Isso se não julgarem o recurso prejudicado, em razão de ter perdido o objeto", diz.
A importância de uma vitória no recurso seria mais política, contra o juiz Sérgio Moro, do que jurídica, considerando que Lula já conseguiu resultado  considerado muito positivo na semana passada, quando a mesma Segunda Turma decidiu enviar a São Paulo o processo referente ao sítio de Atibaia. 
"Nesta última decisão, ficou muito em evidência o fato de que não há justificativa para que as acusações contra Lula fiquem em Curitiba. O juiz de Curitiba não tem competência. Não há ligação dos fatos com Curitiba. Lula nunca morou lá, as pessoas envolvidas não têm residência na cidade e os bens envolvidos nada têm a ver. Essa distribuição para Curitiba não tem fundamento legal", afirma Dallari.
"O que chamou a atenção foi a rapidez com que Moro decretou a prisão", diz Yarochewsky. Para o advogado, também não se justifica a afirmação de Moro ao decretar a prisão de Lula, de que "hipotéticos embargos de declaração constituem apenas uma patologia protelatória".
"Ainda que não se admitissem os chamados 'embargos dos embargos', recurso que acabou sendo negado, ainda assim a prisão só poderia se dar após a publicação. Não caberia a Moro fazer essa avaliação. Teria que ser feita pelo Tribunal Regional Federal", acrescenta Yarochewsky.

Luis Nassif: No dia do jornalista, a liberdade de imprensa escamoteada

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por Luis Nassif - no GGN - 03/05/2018

Veja taxou Lula de chefe de organização criminosa e outros adjetivos. Foi absolvida, em nome da liberdade de imprensa.
Todos os abusos da Lava Jato são tolerados, em nome do utilitarismo da luta anticorrupção. Os jornais conseguiram blindar de tal forma a operação, que hoje em dia há procuradores afrontando o próprio Supremo Tribunal Federal.
 
A única resistência ao poder avassalador da Lava Jato vem dos blogs jornalísticos. Foi graças a eles que houve uma parada na milionária indústria da delação premiada, a ponto de procuradores abrirem mão da delação de Antônio Palocci, e montarem uma gambiarra, transferindo para a Polícia Federal, depois de reportagens investigativas mostrando a pouca transparência da relação Sérgio Moro – procuradores – advogados de delatores.
 
A forma da Lava Jato calar os dissidentes é através de processos judiciais, todos correndo nas varas de Curitiba. No momento, recebi a terceira condenação em três processos abertos por três delegados da Lava Jato, cada qual resultando em condenações de R$ 10 mil para cima.
 
Ao mesmo tempo, criou-se uma lucrativa indústria da fotografia no Judiciário paranaense. Abrem-se ações pelo uso de fotos da Lava Jato por blogs. As fotos originais não devem ter custado mais de R$ 500 reais para o veículo original. No caso de reprodução, as condenações chegam a R$ 10 mil, invocando um suposto “dano moral” ao fotógrafo.
 
Aliás, é demonstração cabal que o risco maior de abusos não está no Ministério Público Federal, mas nos grupos que politizaram a Polícia Federal. E não apenas por lá.  
 
No Rio de Janeiro, um desembargador me condenou a R$ 20 mil, por difamar a imagem de Eduardo Cunha. Em Brasília, correm três processos de Gilmar Mendes, por difamação. Em São Paulo, outros cinco da revista Veja.
 
Quando Carlos Ayres Britto, o então presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) criou uma comissão de liberdade de imprensa, no âmbito do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), fui até ele explicando que a maior ameaça das ações judiciais era contra o jornalismo independente, sem a estrutura jurídica e os recursos das grandes organizações. De nada adiantou, como de nada adiantaram as promessas da então presidente Carmen Lúcia de abrir uma representação no tal conselho para os blogs jornalísticos que fazem o contraponto.
 
Foi em vão. Sua intenção não era defender a liberdade de expressão, mas fazer bonito para os jornalões.
 
Esses blogs são fundamentais para a democracia, pois exercem uma fiscalização em áreas não cobertas pela mídia tradicional. Mais, fazem o contraponto narrativo a notícias divulgadas pela própria mídia, abrindo o leque de interpretações de fatos, diversidade essencial para a consolidação da democracia. Não seria exagero considerar que alguns desses blogs e portais praticam o melhor jornalismo investigativo da atualidade. Vide as descobertas sobre a própria Lava Jato, território considerado tabu pela mídia.
 
Se liberdade de imprensa fosse um valor maior, a própria velha mídia estaria saindo em defesa do jornalismo praticado pelos blogs. Mas valores, nessa terra selvagem, são meros instrumentos para defesa de interesses de grupos. Não houve um pio quando a primeira medida do governo Michel Temer foi a de um veto ideológico na publicidade das empresas públicas.
 
E a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), ora a Abraji.

PREMONIÇÃO: Em anúncio, lançamento imobiliário já ‘eliminava’ prédio ocupado que desabou

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Propaganda para venda de apartamentos de prédio residencial vizinho à ocupação da Rua Antônio de Godói apagava digitalmente o prédio que pegou fogo no dia 1º

por redação RBA publicado 03/05/2018

REPRODUÇÃO
anúncio
Área destacada na imagem devia conter o prédio ocupado que desabou no dia 1º devido ao incêndio de grandes proporções
São Paulo – Um anúncio do empreendimento residencial ADG-83, condomínio com apartamentos de 34 a 54 metros quadrados lançado recentemente na Rua Antônio de Godói, traz uma "premonição" sobre a tragédia com o prédio ocupado na mesma rua, que pegou fogo e desabou no último dia 1º.
O prédio fica na esquina com a Rua Santa Ifigênia, no mesmo quarteirão em que ficava a ocupação do antigo edifício da Polícia Federal, em esquina oposta. O folheto de propaganda eliminou digitalmente o prédio, “limpando” a vista da região onde fica o ADG-83, anunciado como o “metro quadrado mais vantajoso do centro”, com o custo em torno de R$ 5.500 por metro quadrado.
Diante das especulações sobre a causa das chamas, o folheto do empreendimento causa espanto pela coincidência de excluir o prédio ocupado, e outro vizinho a ele, dias antes da tragédia.

As investigações sobre as causas do incêndio e desabamento ainda estão em aberto. O secretário Estadual da Segurança Pública, Mágino Alves, declarou que a apuração aponta para causas díspares, como explosão de botijão de gás, panela de pressão ou briga de casal. Nas redes sociais, também se cogita a possibilidade de o incêndio ter sido criminoso, com objetivo de promover uma "limpeza social" na região. O anúncio do ADG-83 acabou expondo por antecipação esse centro “limpo”.
REPRODUÇÃO/GOOGLE MAPSprédio
Imagem retirada do aplicativo Google Maps, que mostra o prédio ocupado ao fundo do ADG-83
Nos últimos anos surgiram várias propostas de revitalização do centro que esbarravam nos interesses do mercado imobiliário, em diferentes gestões, como no caso do projeto Nova Luz, lançado na gestão do ex-prefeito e atual senador José Serra (PSDB), ou da revitalização do Vale do Anhangabaú, que contou com propostas do Banco Itaú e do escritório dinamarquês Gehl Architects.
No mesmo período, as políticas de habitação socialque pretendiam trazer a população de baixa renda para morar no centro permaneceram travadas.
Ontem (2), o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou a criação de uma força-tarefa para avaliar a situação dos prédios ocupados. 
A proposta preocupa os movimentos, porque pode servir de justificativa para determinar a desocupação de dezenas de ocupações existentes há anos na região central.
O grupo, de acordo com o prefeito, será composto de técnicos e membros de movimentos sociais. “Vamos validar os critérios para avaliar os níveis de criticidade com especialistas da prefeitura, de universidades e também com movimentos de moradia. Queremos dar autenticidade aos critérios, com a sociedade participando dessa elaboração. Temos engenheiros, grupos de mediação de conflitos da Secretaria de Habitação, técnicos da Secretaria de Direitos Humanos e de Desenvolvimento Social. Queremos movimentos de moradia nesses grupos”, disse.
O edifício Wilton Paes de Almeida, com 24 andares, pertence ao governo federal e já foi sede da Polícia Federal. No local, viviam cerca de 370 pessoas, ocupantes do local desde 2013. O incêndio começou por volta de uma e meia da manhã do dia 1º. Uma hora depois o prédio desmoronou. Uma morte foi confirmada, mas há 44 desaparecidos. As famílias perderam tudo o que tinha e estão recebendo doações, acampadas no Largo do Paissandu. A estrutura do prédio estava com problemas detectados há muito tempo, mas nenhuma atitude foi tomada pela prefeitura de São Paulo ou o governo federal.

‘Doleiro dos doleiros’ preso pela PF foi acusado de operar para a Globo no caso da sonegação dos direitos da Copa de 2002

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Por Kiko Nogueira - no DCM -3 de maio de 2018

Dario Messer
A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta 53 pessoas com base na delação de Vinicius Claret, o Juca Bala, e Cláudio Barbosa, apontados como os maiores doleiros do Brasil.
O principal alvo é Dario Messer, filho do doleiro Mardko Messer, mentor intelectual de Claret e Barbosa nos anos 80. Ele era o responsável por dar lastro financeiro às operações dos amigos, abocanhando o a parte do leão.
O esquema movimentou US$ 1,6 bilhão (o equivalente a cerca de R$ 5,292 bilhões), segundo a dupla, e envolvia mais de 3 mil offshores em 52 países.

Embora atuassem no Brasil, operavam o complexo sistema de dólar-cabo desde o Uruguai. Grande parte dos recursos em espécie eram movimentados pela transportadora de valores Transexpert.

A quadrilha se utilizava de agências de turismo da família Messer no Rio de Janeiro. Eram tidos como os “doleiros dos doleiros”.
Messer dava respaldo às operações com seu nome e captava clientes.
Foi dono do banco EVG, de Antigua e Barbuda, onde mantinha contas de empresários. Entre os nomes listados pela Procuradoria estão Alexandre Accioly, amigo de Aécio Neves e sócio de Luciano Huck, e Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, o “Rei Arthur”, acusado de pagar propina a Cabral.
Ele também tem uma história com a Globo, de acordo com matéria doJornal do Brasil de julho de 2013:
O sumiço de alguns processos do prédio da Receita Federal às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2006, caso até hoje não esclarecido, pode vir à tona com informações bombásticas contra a Rede Globo. Um auditor fiscal aposentado promete entregar nos próximos dias, ao Congresso Nacional, os mais de 10 mil volumes originais que compõem os documentos desaparecidos dos arquivos da Receita daquela época. Os processos, nas esferas civil e criminal, incriminam a Rede Globo por sonegação, lavagem de dinheiro e em ações contra o sistema financeiro. As Organizações Globo emitiram comunicado afirmando que as denúncias são falsas.  
O auditor não identificado, segundo informações publicadas pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior, revela que está sofrendo ameaças de morte e aguarda o momento certo para entregar em segurança os processos ao Congresso. Um segundo auditor, que também participou das investigações contra a Globo e não quer se identificar, confirmou as informações do seu colega de profissão. Segundo ele, um dos investigadores da auditoria foi contratado pela emissora para fazer a “Operação Limpeza” e depois ele teria tentado levar vantagens financeiras com as informações privilegiadas, mas nos meses seguintes ele sofreu um grave atentado e passou a viver escondido. Os processos que nunca chegaram à Justiça revelam as transações da Globo nos Paraísos Fiscais, com detalhes da utilização de empresas na Ilhas Virgens Britânicas para pagar à Fifa pelos direitos de transmissão da Copa de 2002. A emissora, ao invés de enviar a quantia dos serviços através do Banco Central, recorreu a uma rede de doleiros comandada por Dario Messer, conhecido por lavar dinheiro de Rodrigo Silveirinha e líder da máfia dos fiscais do Rio de Janeiro, preso em 2003. 
A emissora emitiu uma nota na noite desta terça (09/07), considerando falsas as acusações de Amaury Ribeiro Jr. Segundo a Globo, quanto aos direitos de transmissão da Copa de 2002, a empresa os adquiriu e em 16 de outubro de 2006 “a emissora foi autuada pela Receita Federal, que entendeu que o negócio se deu de maneira a reduzir a carga tributária da aquisição”. A emissora recorreu da decisão do órgão, ainda de acordo com a nota, e suas defesas foram rejeitadas. Dias após, a empresa foi comunicada de que os autos do processo administrativo haviam  extraviados na Receita Federal e contribuiu enviando para a RF as originais dos processos. No comunicado, a Globo nega conhecer a funcionária da Receita que foi indiciada criminalmente por extraviar os processos. Quanto às acusações na imprensa, a Globo afirma que vai tomar as medidas judiciais cabíveis.  
Amaury Ribeiro revela que a alta cúpula da Receita Federal tentou abafar os escândalos provocados com o desaparecimento dos processos, gerando processos clonados com numeração diferente dos documentos iniciais. A fonte revela até a primeira numeração: 18.470011261/2006-14. Uma outra fonte, do alto escalão da Receita, contou que o sumiço dos processos aconteceu logo depois do auditor Alberto Zile solicitar a abertura de processos civil e criminal contra as Organizações Globo. Na verdade, essa era uma manobra criada para prescrever os crimes cometidos pela emissora e teve sucesso anos depois. O processo civil, por exemplo, foi montado com falhas grotescas, com o intuito de dar nulidade processual. 
O funcionário do órgão explicou como o cidadão comum pode comprovar que algo de errado está acontecendo nas salas mais reservadas da  Receita. Basta acessar o site do Ministério da Fazenda e fazer a consulta aberta aos processos, colocando a numeração fornecida por ele. Ambos estão parados na Delegacia Fazendária do Rio desde 2006 e a Globo não chegou a recorrer ao Conselho Nacional de Contribuintes, segundo a fonte, pois não consta nenhum registro da emissora nas consultas processuais do Comprot.
Na íntegra, a nota emitida pela emissora:
Como é de conhecimento público, a Globo Comunicação e Participações adquiriu os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. Em 16/10/2006, a emissora foi autuada pela Receita Federal, que entendeu que o negócio se deu de maneira a reduzir a carga tributária da aquisição.
Em 29/11/06, a empresa apresentou sua defesa junto às autoridades, fundada em sua convicção de que não cometeu qualquer irregularidade, tendo apenas escolhido uma forma menos onerosa e mais adequada no momento para realizar o negócio, como é facultado pela legislação brasileira a qualquer contribuinte.
A Globo foi autuada na compra das transmissões da Copa de 2002
No dia 21/12/06, a defesa da Globo foi rejeitada pelas autoridades. Alguns dias depois da sessão de julgamento, para sua grande surpresa, foi a Globo informada de que os autos do processo administrativo se extraviaram na Receita Federal. Iniciou-se, então, a restauração dos autos, como ocorre sempre nos casos de extravio de processos. A empresa agiu de forma voluntária, fornecendo às autoridades cópias dos documentos originais, tornando com isso possível a completa restauração e o prosseguimento do processo administrativo.
Em 11/10/07, a empresa foi intimada da decisão desfavorável, apresentando recurso em 09/11/07. No dia 30/11/09, a Globo tomou a decisão de aderir ao Refis (Programa de Recuperação Fiscal) e realizar o pagamento do tributo nas condições oferecidas a todos os contribuintes pelo Fisco. O pagamento foi realizado no dia 26/11/09, tendo a empresa peticionado às autoridades informando sua desistência do recurso apresentado (o que ocorreu em 4/02/10).
Diante das informações mentirosas que circularam nesta terça-feira, a Globo Comunicação e Participações esclarece que soube, apenas neste dia 09/07,  que uma funcionária da Receita Federal foi processada e condenada criminalmente pelo extravio do processo. A Globo Comunicação e Participações não é parte no processo, não conhece a funcionária e não sabe qual foi sua motivação.
O relato acima contém todas as informações relevantes sobre os fatos em questão que são do conhecimento da empresa. A Globo Comunicação e Participações reitera, ainda, que não tem qualquer dívida em aberto com a Receita. Como ocorre com qualquer grande empresa, a Globo Comunicação e Participações questiona autuações que sofreu, na via administrativa ou na judicial, o que é facultado a todos os contribuintes.
A Globo Comunicação e Participações reafirma, ainda, acreditar que as autoridades competentes investigarão o vazamento de dados sigilosos. A empresa tomará as medidas judiciais cabíveis contra qualquer acusação falsa que lhe seja dirigida. 
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